segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Civilização ou Barbárie (Blog do Emir)



Esse é o lema predominante no capitalismo contemporâneo. Universalizado a partir da Europa ocidental, o capitalismo desqualificou a todas outras civilizações como ‘bárbaras”. A ponto que, como denuncia em um livro fundamental, Orientalismo, Edward Said, o Ocidente forjou uma noção de Oriente, que amalgama tudo o que não é Ocidente: mundo árabe, japonês, chinês, indiano, africano, etc. etc. Fizeram Ocidente sinônimo de civilização e Oriente, o resto, idêntico a barbárie.

No cinema, na literatura, nos discursos, civilização é identificada com a civilização da Europa ocidental – a que se acrescentou a dos EUA posteriormente. Brancos, cristãos, anglo-saxões, protestantes – sinônimo de civilizados. Foram o eixo da colonização da periferia, a quem queriam trazer sua “civilização”. Foram colonizadores e imperialistas.

Os EUA se encarregaram de globalizar a visão racista do mundo, através de Hollywood. Os filmes de far west contavam como gesto de civilização as campanhas de extermínio das populações nativas nos EUA, em que o cowboy era chamado de “mocinho” e, automaticamente, os indígenas eram “bandidos, gestos que tiveram em John Wayne o “americano indômito”, na realidade a expressão do massacre das populações originárias.

Os filmes de guerra foram sempre contra outras etnias: asiáticos, árabes, negros, latinos. O país que protagonizou o maior massacre do século passado – a Alemanha nazista -, com o holocausto de judeus, comunistas, ciganos, foi sempre poupada pelos norteamericanos, porque são iguais a eles – brancos, anglo-saxões, capitalistas, protestantes. O único grande filme sobre o nazismo foi feito pelo britânico Charles Chaplin – O grande ditador -, que teve que sair dos EUA antes mesmo do filme estrear, pelo clima insuportável que criaram contra ele.

Os países que supostamente encarnavam a “civilização” se engalfinharam nas duas guerras mundiais do século XX, pela repartição das colônias – do mundo bárbaro – entre si, em selvagens guerras interimperialistas.

Essa ideologia foi importada pela direita paulista, aquela que se expressou no “A questão social é questão de polícia”, do Washington Luis – como o FHC, carioca importado pela elite paulista -, derrubada pelo Getúlio e que passou a representar o anti-getulismo na politica brasileira. Tentaram retomar o poder em 1932 – como bem caracterizou o Lula, nada de revolução, um golpe, uma tentativa de contrarrevolução -, perderam e foram sucessivamente derrotados nas eleições de 1945, 1950, 1955. Quando ganharam, foi apelando para uma figura caricata de moralista, Jânio, que não durou meses na presidência.

Aí apelaram aos militares, para implantar sua civilização ao resto do país, a ferro e fogo. Foi o governo por excelência dessa elite. Paz sem povo – como o Serra prometia no campo: paz sem o MST.

Veio a redemocratização e essa direita se travestiu de neoliberal, de apologista da civilização do mercado, aquela em que, quem tem dinheiro tem acesso a bens, quem não tem, fica excluído. O reino do direito contra os direitos para todos.

Essa elite paulista nunca digeriu Getúlio, os direitos dos trabalhadores e seus sindicatos, se considerava a locomotiva do país, que arrastava vagões preguiçosos – como era a ideologia de 1932. Os trabalhadores nordestinos, expulsados dos seus estados pelo domínio dos latifundiários e dos coronéis, foi para construir a riqueza de São Paulo. Humilhados e ofendidos, aqueles “cabeças chatas” foram os heróis do progresso da industrialização paulista. Mas foram sempre discriminados, ridicularizados, excluídos, marginalizados.

Essa “raça” inferior a que aludiu Jorge Bornhausen, são os pobres, os negros, os nordestinos, os indígenas, como na Europa “civilizada” são os trabalhadores imigrantes. Massa que quando fica subordinada a eles, é explorada brutalmente, tornava invisível socialmente.

Mas quando se revela, elege e reelege seus líderes, se liberta dos coronéis, conquista direitos, com o avanço da democratização – aí são diabolizadas, espezinhadas, tornadas culpadas pela derrota das elites brancas. Como agora, quando a candidatura da elite supostamente civilizada apelou para as explorações mais obscurantistas, para tentar recuperar o governo, que o povo tomou das suas mãos e entregou para lideres populares.

É que eles são a barbárie. São os que chegaram a estas terras jorrando sangue mediante a exploração das nossas riquezas, a escravidão e o extermínio das populações indígenas. Civilizados são os que governam para todos, que buscam convencer as pessoas com argumentos e propostas, que garantem os direitos de todos, que praticam a democracia. São os que estão construindo uma democracia com alma social – que o Brasil nunca tinha tido nas mãos desses supostos defensores da civilização.

Fonte: Blog do Emir Sader

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

José Dirceu - Pelo Restabelecimento da Verdade

O Crédito desse post vai todo para o Edu, que é o criador do Blog Buteco do Edu.
_______________________________________________________________


Na noite de segunda-feira, primeiro de novembro de 2010, o programa RODA VIVA entrevistou José Dirceu, um brasileiro máximo injustamente demonizado pela imprensa meia-boca brasileira e por uma legião gigantesca de brasileiros que simplesmente desconhecem a História do Brasil e insistem na inversão de papéis colocando como vilões grandes heróis.

Foi a primeira entrevista concedida por José Dirceu ao programa que se notabilizou por trazer à cena figuras de extrema relevância no cenário brasileiro, notadamente no cenário político. Foi também - e isso foi extremamente significativo - a primeira entrevista após a história eleição de Dilma Rousseff, na véspera. Vamos a algumas informações sobre Zé Dirceu retiradas de seu site.

José Dirceu de Oliveira e Silva é mineiro, de Passa Quatro, e nasceu em 16 de março de 1946. Em 1961, repetindo a história de vida de tantos brasileiros, mudou-se para São Paulo em 1961, para estudar e trabalhar. Em 65, já com a ditadura militar instalada no Brasil, deu início ao curso de Direito na PUC/SP e se tornou líder do movimento estudantil, chegando à presidência da União Estadual dos Estudantes, da qual é presidente de honra. Foi preso pela ditadura militar em 1968 ao participar do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes, em Ibiúna (SP), organizado na clandestinidade.

Foi um dos 15 presos libertados por exigência dos seqüestradores do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, e banido do país. Durante o exílio, trabalhou e estudou em Cuba, tendo voltado clandestinamente ao país por duas vezes. Na primeira, permaneceu no Brasil entre 1971 e 1972. Voltou, em 1974, quando residiu em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, por cinco anos. Com a anistia, voltou à legalidade, em dezembro de 1979.

Participou ativamente da fundação do PT, em 1980, e do movimento pela anistia para os processados e condenados por atuação política. Também fez parte da coordenação da campanha pelas eleições diretas para presidente da República, em 1984.

De 1981 a 1983, foi secretário de Formação Política do PT; de 1983 a 1987, secretário-geral do Diretório Regional do PT de São Paulo; e de 1987 a 1993 foi secretário-geral do Diretório Nacional. Entre 1981 e 1986 foi assistente jurídico, auxiliar parlamentar e assessor técnico na Assembléia Legislativa de São Paulo. Formou-se em Direito, em 1983, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP).

Em 1986 foi eleito deputado estadual em São Paulo. Em 1990 elegeu-se deputado federal e em 1994 candidatou-se ao governo de São Paulo, recebendo dois milhões de votos. Voltou a se eleger deputado federal em 1998 e 2002, quando foi o segundo mais votado do país, com 556.563 votos. Na Câmara dos Deputados, assinou, com Eduardo Suplicy, requerimento propondo a “CPI do PC” (Paulo César Farias), que levou ao impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Também participou da elaboração dos projetos de reforma do Judiciário, da Segurança Pública e do sistema político.

Em 1995 assumiu a presidência do PT, sendo reeleito por três vezes. Na última, em 2001, foi escolhido diretamente pelos filiados da legenda em um processo inédito no Brasil de eleições diretas para todas direções de um partido político. Ocupou a função até 2002, quando se licenciou para participar do governo do presidente Lula. Integrante da coordenação das campanhas de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República em 1989, 1994 e 1998, foi o coordenador-geral em 2002. Com a vitória de Lula, assumiu a função de coordenador político da equipe de transição.

Em janeiro de 2003, José Dirceu assumiu a cadeira de deputado federal, mas logo se licenciou para assumir a função de ministro-chefe da Casa Civil da Presidência da República, permanecendo no cargo até junho de 2005, quando retornou à Câmara dos Deputados. Seu mandato foi cassado em dezembro do mesmo ano e teve a inelegibilidade decretada por oito anos, num processo eminentemente político sem qualquer fundamentação calcada em provas, o que faz com que, desde então, José Dirceu trave uma batalha jurídica em busca da decretação de sua inocência.

Eis que o RODA VIVA, depois de cinco anos, trouxe Zé Dirceu para, diante das câmeras, enfrentar entrevistadores que - vocês verão - sem nenhum preparo e munidos de um indisfarçado ódio - com destaque para o sabujo Augusto Nunes - apenas o ajudaram a mostrar para o Brasil a verdade que a mídia suja e golpista insiste em esconder.

Recomendo tempo e paciência. Ao longo de 4 blocos, abaixo, uma aula de História. Uma lição para os que têm olhos de ver e ouvidos de ouvir. Eu, humílimo, que durante toda a campanha eleitoral vali-me de meu espaço nas redes sociais para exaltar seu nome (que considero imprescindível para a construção de um governo sólido e imune à sujeira que insiste, diuturnamente, em derrubá-lo) - o que me rendeu um bocado de antipatia - assisti, orgulhoso, à sua entrevista e orgulhosamente a exibo aqui.







segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Verás que um Filho teu não foge à Luta




Colégio de portas fechadas. Boletins de urna impressos. Urnas apuradas! Vence a democracia, a escolha da nação. Nesse tempo eleitoral o versículo mais lido nas igrejas foi “Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por Ele estabelecidas.” Por acaso esse verso aparece no capítulo 13 de Romanos. Então chegamos a conclusão de que Deus escolheu Dilma Rousseff para governar a nação!

Brincadeiras a parte, não vou comemorar de forma exagerada e zombar dos eleitores do opositor. Um amigo escreveu na minha pagina do facebook pedindo desculpa pelo blog dele, que era de oposição, para ser sincero não sei os motivos da desculpa, e disse também que iria apagar o blog, disse a ele que não era necessário apagar o blog e que se ele quisesse manter essa posição contrária ao governo era um direito dele!

A vitória de Dilma mostra que os brasileiros querem manter um modelo político que vem diminuindo a miséria, criando emprego, criando vagas em universidades e valorizando os patrimônios nacionais. Foram 56% dos votos para Dilma e 43,9% para o opositor, esses são os números.

Bem, a Av. Paulista estava com uma festa, mas nada comparado aos 200 mil de 2002. Agora é hora dos políticos eleitos por nós trabalharem e nós cidadãos, por favor, me entendam quando digo cidadãos trabalharmos por mais democracia, liberdade e desenvolvimento para nossas comunidades!

Urnas Apuradas. Av. Paulista esvaziada. Agora cabe a nós brasileiros fiscalizar e avaliar os próximos 4 anos da primeira mulher presidente do Brasil. Creio eu, que serão próximos anos de ampla democracia e liberdade e desenvolvimento tanto para as classes mais altas e principalmente para as classes mais baixas, com mais emprego e menos miséria.

Hoje venceu Dilma Rousseff. Hoje venceu a democracia sobre o autoritarismo. Hoje venceu a verdade sobre a mentira. Hoje venceu a dignidade de um povo sobre a subumanidade. Hoje venceu o povo brasileiro!