
Ouvi uma vez um colega de classe dizendo: “Pra que a gente estuda História? Já aconteceu mesmo. Isso não agrega a nada”. Ele estava se referindo a matéria escolar e é claro que eu não concordo com essa afirmação, mas se olharmos de outro ponto de vista até que faz sentido isso que ele disse.
Estudamos a História para compreendermos o “por que”, “pra que” e o “pra onde iremos” a partir do momento atual de nossa civilização, essa é a parte que discordo do meu colega.
A História é uma das matérias escolares mais práticas que existe, porque fazemos parte dela, estamos dentro dela e escrevemos nesse livro. Em uma coisa eu concordo com meu amigo. Pra que estudarmos História, já que as pessoas não querem dar continuidade a ela? As coisas já aconteceram mesmo!
Mas uma pessoa. Prestem atenção nisso! UMA pessoa foi capaz de protagonizar umas das maiores mudanças no Maior Continente do Plante Terra.
O nome dele é Mohamed Bouazizi, vendedor ambulante, tinha uma banca de frutas e legumes. Foi proibido de trabalhar em uma função que fazia desde os 10 anos de idade, por não ter pagado propina a policiais locais, levou um tapa e uma cusparada em seu rosto de uma funcionária pública no momento da apreensão de sua banca, tudo isso na rua. Qual foi o crime dele? Não pagar propina! Desesperado ele deixa um recado pedindo perdão à mãe por ter perdido a esperança:
“Estou viajando mãe. Perdoe-me. Reprovação e culpa não vão ser úteis. Estou perdido e está fora das minhas mãos. Perdoe-me se não fiz como você disse e desobedeci suas ordens. Culpe a era em que vivemos, não me culpe. Agora vou e não vou voltar. Repare que eu não chorei e não caíram lágrimas de meus olhos. Não há mais espaço para reprovações ou culpa nessa época de traição na terra do povo. Não estou me sentindo normal e nem no meu estado certo. Estou viajando e peço a quem conduz a viagem esquecer.”
Depois disso, Mohamed ateou fogo no próprio corpo em frente a sede do Governo.
Che Guevara dizia que um revolucionário é movido por sentimentos de amor. Mohamed é o outro lado da mesma moeda, não motivado pelo amor, mas sim, pela desesperança, pelo ódio contra a opressão e pelo desespero.
Mohamed não era médico como Che Guevara, não tinha 1% da ideologia de José Martí e com certeza nunca leu O Capital de Marx. Mas ele tinha a principal característica de um Revolucionário, um ser humano que escolheu tentar mudar.
Graças a Mohamed Bouazizi Ditaduras vem caindo. Tunísia, Egito já caíram. Protestos vem acontecendo no Marrocos, Argélia e Iêmen. Na Líbia já acontece uma Revolução Armada. Tudo isso, por causa de apenas um vendedor ambulante que quis dar a sua contribuição no curso da História. E nós? Vamos dar a nossa contribuição? Satisfeitos com tudo isso que o Sistema nos oferece? História não é só matéria escolar é também os rumos que damos a nossa vida, basta querermos escrevê-la.

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