segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Vida Dentro da Fábrica Suicida do iPhone




Toda manhã, às 6h45, milhares de jovens trabalhadores correm para o portão norte da planta Longhua, a principal fábrica da Foxconn, um edifício de 3 km² de alta segurança cercado por dormitórios.

As meninas vestem casacos cinza e rosa. Os meninos estão de preto ou ternos azul escuro. Todos têm um crachá magnético da Foxconn pendurado no pescoço, necessário para entrar no dormitório e nas proximidades da fábrica.

Na cidade de Longhua, cada prédio tem redes de segurança instaladas nos telhados
e cabos de aço nas janelas para evitar que trabalhadores cometam suicídio. No entanto, um menino de 23 anos de idade se atirou do quarto no último mês de
novembro: foi o 14o suicídio na fábrica da Foxconn só este ano, de acordo com grupos
de trabalho chineses.

Todos os trabalhadores comem uma sopa de macarrão por 3 yuans (R$ 0,76) no caminho para o trabalho. Eles são muito jovens: têm entre 17 e 24 anos.

Na fábrica Longhua, os 32 mil empregados produzem iPads, iPhones de quarta geração, os smartphones da Nokia, os cartuchos HP, Sony Playstation e laptops da Acer e Dell.

Independente de estarem no turno do dia ou da noite, a maioria dos trabalhadores gastam 12 horas por dia, seis dias por semana, no chão da oficina. Eles têm um intervalo de apenas 10 minutos a cada duas horas e não estão autorizados a falar uns com os outros.

“Desde os suicídios, muitas coisas mudaram: podemos sentar durante o trabalho e os nossos gestores foram ensinados a ser menos grosseiros conosco”, conta o funcionário Liao Ting.

Após três aumentos desde junho, Liao agora ganha 3,2 mil yuans por mês (R$811), incluindo as horas extras. Sua situação é muito melhor se comparada com a de maio, quando sua renda era de 1,2 mil yuan (R$304). Ele vem trabalhando na linha de montagem do iPhone 4G há oito meses.

No entanto, Liao culpa a Foxconn pela enorme pressão no trabalho. “Em troca do aumento salarial, me cobram um aumento de produtividade de 40%. Todos os dias tenho que verificar a pintura de 8 mil iPhones”. Liao Ting lamenta a falta de simpatia dos seguranças ou gerentes causada pela imensidão da fábrica e sua solidão em seu dormitório. De janeiro a novembro de 2010: 14 funcionários se suicidam na Foxconn.

JORDAN POUILLE - METRO WORLD NEWS

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